Editoria: Vininha F. Carvalho 14/07/2007
Eu quero alguém que me ame tanto,
Quanto eu também, preciso amar alguém...
Procuro em vão, em vão derramo pranto,
E pelo mundo não achei ninguém...
Tranquei-me; revoltada, tão ferida,
Abandonada, só, e deprimida
Eu me senti tão fraca, já vencida,
Que me entreguei à dor maior da vida...
Ali fechada ao mundo, escutei
Um arranhar na porta e pensei:
É o cão, o cão que vi quando entrei
Cheirando mal, deitado onde passei...
E, devagar, a minha porta abri...
O cão imundo novamente eu vi.
Tremia tanto que não resisti:
A criatura, chorando, recolhi.
Olhando, espelhei-me em seus olhos
Pedindo amor, carinho, compaixão...
Ambos querendo afagos e dois colos,
Ambos sofrendo a dor da solidão.
Envelhecemos juntos, lealmente,
Comemoramos o passar dos anos ...
O meu cachorro mais parece gente,
E muita gente, é gente por engano.
Com ele, aprendi ser a generosa,
E perdoei até quem me “chutou”;
Deixei o “poço”, a lama pegajosa,
Porque um cão imundo, me salvou.